O Bispo emérito da Prelazia do Marajó (PA),
Dom José Luiz Azcona Hermoso, fez uma advertência sobre o significado das
estátuas da mãe terra que estiveram presentes no Sínodo da Amazônia, que
ocorreu no Vaticano de 6 a 27 de outubro.
“Não era somente um
símbolo, todo símbolo evoca, reflete um conteúdo”, afirmou o Prelado durante
sua homilia na Missa que presidiu no último domingo, 27 de outubro,
na Basílica santuário de Nazaré, em Belém (PA).
Dom Azcona explicou que “todas as religiões
utilizam os símbolos para explicar suas convicções religiosas, suas crenças.
Portanto, a presença daquelas imagens na Igreja dos
carmelitas não era somente um símbolo. Era um símbolo, mas com uma significação
bem concreta do culto à mãe terra”.
“É idolatria, por quê? Prescindindo da boa
intenção dos que a colocaram lá, é idolatria porque idolatria é reconhecimento
de outras divindades que não são o Deus vivo”, sublinhou.
Nesse sentido, recordou que o próprio Deus
afirma “não terás outro deus diante de mim”. “Toda a Bíblia fala disso e aquele
que colocou [a estátua nos eventos do Sínodo] também sabe disso, que não tem
outro deus é isso é fundamental. ‘Escuta Israel, o Senhor teu Deus é o único senhor.
Adorarás ao teu Deus e somente a Ele darás culto’”.
O Prelado recordou ainda o evento ocorrido em
julho deste ano em Brasília, realizado pela REPAM (Rede Eclesial
Pan-Amazônica), o qual “teve rituais indígenas”, além da celebração ocorrida em
4 de outubro, nos Jardins do Vaticano, na qual esteve presente a mesma imagem
da mãe terra, em torno da qual “aparece um grupo de pessoas ajoelhadas,
adorando, prostradas, de joelhos, inclinadas até o chão, com as mãos em cima da
terra e o rosto entre as mãos”.
“O que significa? Interpreta-se um culto à mãe
terra, em agradecimento, reconhecendo com muita gratidão, por meio desse gesto
de adoração e da prostração, a divindade da pachamama”, observou, para
advertir, em seguida que “ninguém adora, ninguém se prostra a não ser diante do
símbolo da cruz, somente e na Semana Santa”.
Então, pontuou em relação às estátuas,
“adoração dos ídolos e, detrás de um ídolo tem um demônio, assim dizia a
Conferência Episcopal Latino-Americana de Puebla, na década de 1970, detrás de
cada ídolo tem um demônio, pelo menos. Isso tem que ficar claro”.
O Bispo Emérito do Marajó questionou, então,
“o que tem tudo isso a ver com Nossa Senhora?”. “Tudo”, respondeu, a explicar
que “‘Ave Maria, cheia de graça’ quer dizer ‘salve, alegra-te, alegria
messiânica de que chegou o Reino de Deus’”.
Por outro lado, “a pachamama não traz alegria
nenhuma para ninguém, menos ainda alegria definitiva de Deus estar com os
homens”. Além disso, “faz presente esses mitos que são de toda a história da
humanidade, que já estão, por exemplo, nos romanos, nos gregos, Ceres, Cibeles,
Ártemis, a mesma Astarte, que é a parceira do deus Baal, que todo mundo terá
ouvido falar do enfrentamento do profeta Elias contra Baal e a parceira dele é
esta Astarte, que tem o mesmo significado, os mesmos atributos que a pachamama,
deusa da fecundidade, deusa do amor sensual e, de fato, aparece nua sempre”.
Além disso, indicou que Jesus “é o fruto
bendito” do ventre de Maria, “não o fruto da terra, mas Aquele que criou o céu,
a terra, a fecundidade, a capacidade de gerar vida”.
Desse modo, recordou o início d Evangelho de
São João, no qual se diz que “no princípio existia a Palavra e a Palavra estava
em Deus e a Palavra era Deus”. “Na Palavra havia vida. É na Palavra que está a
vida, a fecundidade, a sacralidade da vida, a vida plena”.
“E a vida é a luz que ilumina todos os homens
e também o indígena, se quer ver. Do contrário, entra nas fileiras enormes
daqueles que, tendo conhecido Deus, não o adoraram, mas adoraram a criatura, em
vez de adorar ao Criador que seja bendito para sempre”, acrescentou.
Além disso, o Prelado recordou como se pede na
oração da Ave-Maria que a Virgem rogue “por nós pecadores”, ou seja, “nós nos
reconhecemos pecadores e “não podemos ser como transparece, às vezes, no
Instrumento de trabalho e até mesmo no documento final [do Sínodo] sobre as
culturas indígenas, como se não tivessem pecado, como se pudessem ser
transmitidas a toda humanidade sem serem batizadas pela fé e pela purificação,
pela cura do Verbo de Deus”.
O Cristo crucificado
Durante sua homilia, Dom Azcona falou ainda
sobre a necessidade de conversão e de focar sempre no Cristo crucificado.
Segundo ele, “o arrependimento inicial é toda história da espiritualidade
cristã e da teologia, que a conversão de um pecador é um milagre maior do que
criar o céu e a terra, maior ainda do que ressuscitar um morto, porque se trata
da transformação, uma existência transfigurada”, como ocorreu verdadeiramente
em Pentecostes, “uma experiência que os transformou.
Assim, o Prelado convidou a questionar-se:
“acontece isso, a proposta explícita de um Pentecostes para a Amazônia, lendo o
documento final do Sínodo entregue para o Papa?”.
“Nós podemos observar que não se fala uma só
vez de Pentecostes. Fala-se do Espírito Santo, graças a Deus. Mas, a aplicação
da ação do Espírito Santo nos caminhos novos da evangelização da Amazônia está
desligado do acontecimento de Pentecostes, que por sua vez, depende
necessariamente da proclamação da fé no mistério de Cristo crucificado e
ressuscitado”, assinalou.
Portanto, exortou, “vamos trabalhar, vamos
sair deste Sínodo da Amazônia, tendo consciência da necessidade prioritária de
nascermos de novo no poder do Espírito Santo”, a fim de “anunciar o Evangelho”,
o qual é “Pentecostes: Ide e anunciai o Evangelho a toda criatura, indígena,
caboclo, afrodescendentes, amazônida, urbano, todo mundo”.
Nesse sentido, ressaltou a necessidade de
“focalizar Cristo e Cristo crucificado”. “Graças a Deus, o Sínodo já introduz
um par de vezes o Cristo Crucificado. Porém, silencia o poder e a sabedoria do
Crucificado no texto. Quando se trata, por exemplo, de cultura, de
interculturalidade, de diálogo, essa proclamação de Cristo Crucificado fica
diluída, ou silenciada, sequestrada”, assinalou.
Dom Azcona abordou ainda um terceiro ponto, a
“devoção autêntica a Nossa Senhora”, a qual “nos leva necessariamente a Jesus
Cristo e, levando-nos a Jesus Cristo, nos leva ao homem, nos leva à criação
toda, nos leva aos desafios do meio ambiente, nos leva a Cristo pela conversão
ecológica que tem como ponto de partida único o arrependimento dos pecados, o
encontro pessoal transformante com Cristo”.
Dessa forma, ressaltou que a “autêntica
devoção a Nossa Senhora de Nazaré tem que nos levar a Cristo crucificado, ao
sacrifício de Cristo na cruz. Do contrário, é uma falsa, falsíssima devoção a
Nossa Senhora”.
A homilia completa de Dom José Luiz Azcona
pode ser conferida em vídeo a partir do minuto 30, AQUI.
Publicado
pelo site Acidigital e não representam a opinião do
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Fonte: Acidigital
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