A presença fundamental da mulher na Igreja
foi um dos temas candentes da coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé esta
quarta-feira (23/10) sobre o Sínodo dedicado à Região Pan-Amazônica. Tomaram a
palavra Irmã Roselei Bertoldo, Pe. Zenildo Lima da Silva, dom Gilberto Alfredo
Vizcarra Mori, dom Ricardo Ernesto Centellas Guzmán e o cardeal Oswald Gracias
Sábado (26/10), a votação do documento
final do Sínodo para a Amazônia, em sua última semana de trabalhos. O prefeito
do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou sobre o andamento da
Assembleia sinodal na coletiva desta quarta-feira (23/10) na Sala de Imprensa
da Santa Sé.
Na segunda e terça-feira, os círculos menores elaboraram as
propostas; o relator geral e os secretários especiais as inseriram com a ajuda
dos especialistas. A Comissão de redação revê o texto que, depois, será
apresentado na Sala do Sínodo para as votações.
Trata-se de um texto que será
depois confiado ao último discernimento do Papa, explicou o secretário da
Comissão para a Informação, Pe. Giacomo Costa. Ruffini evidenciou também o
chamado à sinodalidade e à ação do Espírito Santo evocados
pelo Papa na manhã desta quarta-feira na audiência geral.
Entre os relatores, quem primeiro
tomou a palavra durante a coletiva de imprensa foi uma mulher, Irmã
Roselei Bertoldo, da Congregação das Irmãs do Coração Imaculado de Maria e
da Rede “Um grito pela Vida”. Uma vida, a sua vida, dedicada a erradicar o
tráfico de pessoas, especialmente de mulheres e crianças, no Brasil.
Um dos maiores problemas é o da
“servidão doméstica”, quando as meninas são levadas embora da comunidade
indígena para estudar fora e acabam, ao invés, sendo exploradas sexualmente e
levadas a trabalhar em situação “de escravidão”.
Com paixão e amor, Irmã Roselei
denunciou que o corpo destas mulheres e meninas se torna uma mercadoria e
ressaltou que é difícil denunciar. Por isso, a Rede na qual ela trabalha faz,
em primeiro lugar, uma campanha para ajudar a reconhecer uma situação de abuso,
para depois formar as pessoas colocando-as em condições de denunciar.
O Sínodo para a Amazônia chama a
atenção também sobre esse drama e, ressaltou a religiosa, o compromisso com a
evangelização parte também da tutela da vida. Respondendo a uma pergunta,
ressaltou ainda a importância da participação das mulheres inclusive a nível de
decisões.
“A presença das mulheres na Igreja
é maioria, mas nos âmbitos de decisão é minoria, quase invisível”. O bispo de
Potosí e presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, dom
Ricardo Ernesto Centellas Guzmán, em sua fala exortou a um maior
envolvimento das mulheres nos processos de decisão na Igreja, partindo das
paróquias.
Em particular, contou a
experiência de uma agente pastoral em sua diocese, que como mulher tem uma
abordagem diferente em relação ao homem: pede sugestões, permitindo a
participação. Uma Igreja sinodal significa não somente “caminhar juntos”, mas
também “decidir juntos”.
Se a autoridade de governo, na
Igreja, é masculina, a atividade pastoral é preponderantemente feminina,
ressaltou em seguida o reitor do Seminário São José de Manaus e vice-presidente
da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil, Pe. Zenildo Lima da Silva.
O foco de sua intervenção foi a
formação dos presbíteros e a sua exortação foi a repensar o processo partindo
da sinodalidade. É preciso formar sacerdotes capazes de trabalhar na realidade
da Amazônia e de dialogar com essas culturas. Evidenciou, também no que
concerne à comunicação, a importância de colocar-se num processo de escuta e
diálogo.
O mundo andino, o Chade, a
floresta do Peru. Vários lugares visitados pelo vigário apostólico de Jaén no
Peru o San Francisco Javier, dom
Gilberto Alfredo Vizcarra Mori, jesuíta. De suas palavras, o desejo de
aproximar-se de outras culturas, e a experiência da qual falou foi de
enriquecimento.
Preparou-se para este Sínodo indo
viver na selva peruana com essas comunidades. Ressaltou que esses povos se
sentem parte do bioma e não donos da beleza da criação e exortou, em seguida, a
readquirir o viver em harmonia com a natureza, aprendendo propriamente com
eles.
Uma grande experiência de aprendizagem. Com essas palavras,
o arcebispo de Mumbai (Ex-Bombaim), na Índia, cardeal Oswald Gracias,
sintetizou sua vivência destes dias no Sínodo.
Além da grande violência contra a natureza, o
cardeal se disse impressionado com as injustiças contra os indígenas da
Amazônia, expulsos de suas casas, unindo esta situação à das castas na Índia e
das tribos expulsas de suas terras, embora “em nosso caso”, explicou, seja
“menos sistemático”.
Mas o que mais o impressionou foi
sobretudo “a paixão” com a qual os bispos amazônicos buscam ajudar esses povos:
“O mundo tem muito a aprender” com os bispos da América do Sul, afirmou.
No que diz respeito às mulheres,
ressaltou que “o Direito canônico e a própria teologia” permitem fazer mais
pelas mulheres na Igreja, e no concernente à inculturação, evidenciou a
importância de se ter métodos de formação inculturados nos seminários. Por fim,
também ele se deteve sobre a sinodalidade, destacando a importância de
“caminhar todos juntos”.
Publicado
pelo site Vatican News e não representam a opinião do
Site IUPAN.
Fonte: Vatican
News
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