O
Arcebispo de Munique e Freising e presidente da Conferência Episcopal Alemã,
Cardeal Reinhard Marx, afirmou
que em algumas regiões e, em certas circunstâncias, se poderia permitir
sacerdotes casados.
"Pode-se
chegar à conclusão de que faz sentido, sob certas condições e em certas
regiões, permitir sacerdotes casados", disse o Cardeal Marx em
declarações ao jornal ‘Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung’, segundo informa
o site do Episcopado alemão, Katolisch.de.
O Cardeal
Marx também apontou que “não se trata apenas do celibato, mas do futuro do
estilo de vida sacerdotal”. O que importa é “se é possível viver o
celibato e como é possível vivê-lo de tal maneira que seja um sinal positivo e
não prejudique a vida dos sacerdotes", embora tenha afirmado que não
haverá “nenhum caminho alemão especial".
O
presidente do Episcopado alemão também se referiu a alguns dos critérios para a
seleção de futuros sacerdotes e disse que “é possível que tenham que ser ainda
mais estritos e, quando se trata da maturidade pessoal de um candidato, devo
ter a certeza moral de que pode enfrentar seu estilo de vida
celibatário”.
O
Purpurado também disse que cada diocese deveria ser obrigada a trabalhar na
prevenção de abusos sexuais e na "formação de sacerdotes para que sejam
avaliados por uma instituição independente a cada três anos e depois publicar
os resultados".
O
comentário do Purpurado alemão foi feito em relação ao tema do Sínodo da
Amazônia, que será realizado no Vaticano de 6 a 27 de outubro, considerando que
um dos números do Instrumentum laboris
ou documento de trabalho se refere ao assunto.
No
numeral 129, pode-se ler: “Afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja,
pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da
ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e
reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e
estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem
e sustentem a vida cristã”.
As
declarações do Cardeal foram realizadas quase um mês depois que o Papa
Francisco assinalou em uma entrevista que a possibilidade de ordenar "viri
probati", homens idosos e casados com virtude comprovada que possam
compensar a ausência de sacerdotes em certas regiões, não será um tema principal
no próximo Sínodo da Amazônia.
Na
entrevista, publicada em 9 de agosto no jornal italiano ‘La Stampa’, o Santo Padre negou
que este seja um dos principais temas do Sínodo. “Absolutamente não:
É simplesmente um número do Instrumentum Laboris. O importante serão os
ministros da evangelização e as diferentes formas de evangelizar”.
Outras declarações polêmicas do
Cardeal Marx
Em 2015,
durante sua intervenção no Sínodo dos Bispos sobre a Família, o
Cardeal Marx afirmou que "devemos considerar seriamente a possibilidade –
olhando cada caso individualmente e não de modo geral – de admitir aos
divorciados em nova união os sacramentos da Penitência e da Santa
Comunhão".
A
intervenção do Cardeal Marx aconteceu depois de alguns anos de uma série de
pedidos dos bispos alemães a fim de mudar as normas da Igreja em
relação a esta questão, apesar de nos últimos 50 anos os Papas terem rejeitado
esta proposta por ser contrária à doutrina da Igreja, a qual estabelece que o
matrimônio é indissolúvel e que este vínculo somente termina com a morte de um
dos esposos.
Além
disso, em fevereiro de 2018, o Cardeal assegurou que os sacerdotes
católicos podem realizar cerimônias de “bênção” de casais homossexuais.
Nesta
ocasião, e em declarações à rádio alemã ‘Bavarian State Broadcasting’, o
Arcebispo disse que “não pode haver regras” sobre esse tema. Afirmou que, em
vez disso, a decisão se uma união homossexual deveria receber a bênção
da Igreja deve estar nas mãos de “um sacerdote ou um responsável pela
pastoral”.
Em março
do mesmo ano, os bispos alemães fizeram uma proposta para que os protestantes
casados com católicos tivessem acesso à Eucaristia. Esta iniciativa foi
liderada pelo Cardeal Marx e teve a oposição de sete prelados, incluindo o
Arcebispo de Colônia, Cardeal Maria Woelki.
Atualmente, este tema está
em estudo no Vaticano, como o Cardeal Woelki indicou
recentemente em uma entrevista à revista espanhola ‘Palabra’.
Em março
de 2019, o Cardeal anunciou que os bispos alemães começaram um "processo sinodal"
para revisar o celibato sacerdotal e a moral sexual na Igreja, como
uma forma de combater o escândalo dos abusos sexuais.
Esse
processo já começou e, como informou a CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, inclui a criação de uma polêmica
"assembleia sinodal” que poderia aprovar resoluções em nome da Igreja na
Alemanha, com os bispos como uma minoria de 69 pessoas, de um total
de 200 membros.
Em 20 de
julho, o Cardeal Marx
questionou se os leigos também poderiam pregar a homilia na Missa,
apensar das normas da Igreja a reservarem apenas para os ministros ordenados.
Em uma
reunião com mais de cem leigos, o Arcebispo disse que se sentiu "um pouco
decepcionado" com os sermões e homilias de algumas paróquias e perguntou:
"Como será a homilia no futuro? Por acaso apenas o sacerdote pode pregar?
É necessário que isso evolua”.
O Cardeal
Marx faz parte do grupo de cardeais que aconselha o Papa Francisco no
processo de reforma da Cúria do Vaticano.
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