Cacique foi morto no Amapá na última quarta por garimpeiros,
que depois invadiram aldeia, denunciam indígenas. Funai confirma morte e
polícia está no local apurando circunstâncias.
Indígenas da etnia Wajãpi denunciaram
neste sábado que um grupo de garimpeiros assassinou o cacique Emyra Wajãpi, de
68 anos, na última quarta-feira. A morte foi o início de um ataque à aldeia
Mariry, que se concretizou depois entre sexta e sábado com a invasão de 50
garimpeiros no local, localizado no oeste do Amapá. A explicação foi dada ao EL
PAÍS por Marina Amapari, ativista da causa indígena que está no município de
Pedra Branca, onde fica o território Wajãpi. A Fundação Nacional do Índio
(FUNAI) confirmou a morte e também está no local junto com as polícias Federal
e Militar para "garantir a integridade dos indígenas e apuração dos
fatos", afirmou em nota. O Ministério Público Federal (MPF)
também está apurando a morte do cacique e as denúncias da invasão.
Segundo relatos, o
cacique Emyra Wajãpi foi esfaqueado no meio da mata no momento em que se
deslocava até sua aldeia, depois de ter ido visitar a filha. Seu corpo foi
jogado no rio e encontrado por sua esposa. "Nós não queremos mais a morte
das nossas lideranças indígenas. Estamos pedindo socorro para as autoridades
competentes do Estado do Amapá", disse um morador da comunidade em vídeo
recebido pelo EL PAÍS. Os indígenas relatam que garimpeiros estão invadindo
aldeias durante a noite e agredindo mulheres crianças. Também estão realizando
disparos com armas de fogo para intimidar as comunidades locais.
Um documento interno da FUNAI obtido pelo jornal Folha de
S. Paulo aponta que cerca de 15 invasores portando armas de
grosso calibre tomaram uma aldeia e têm feito incursões para intimidar os
índios da região, de acordo com os relatos dos moradores do Terra Wajãpi.
"Podemos concluir que a presença de invasores é real e que o clima de
tensão e exaltação na região é alto", afirma o organismo, vinculado ao
Ministério da Justiça. O documento afirma ainda que os invasores estão dormindo
na aldeia Aramirã e forçaram os indígenas que ali moram a se concentrar na
vizinha Marity, a 40 minutos caminhando, segundo o jornal. O órgão indigenista
explica que não esteve no local do crime por causa da dificuldade de acessá-lo
— é preciso se deslocar de carro, de barco e a pé —, mas orientou os indígenas
a não se aproximarem dos homens armados, ainda segundo a Folha. Também recomendou
que a presidência da FUNAI busque o apoio da Polícia Federal e do Exército.
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