domingo, 28 de julho de 2019

Assassinato de liderança Wajãpi expõe acirramento da violência na floresta Amazonica


Cacique foi morto no Amapá na última quarta por garimpeiros, que depois invadiram aldeia, denunciam indígenas. Funai confirma morte e polícia está no local apurando circunstâncias.

Indígenas da etnia Wajãpi denunciaram neste sábado que um grupo de garimpeiros assassinou o cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos, na última quarta-feira. A morte foi o início de um ataque à aldeia Mariry, que se concretizou depois entre sexta e sábado com a invasão de 50 garimpeiros no local, localizado no oeste do Amapá. A explicação foi dada ao EL PAÍS por Marina Amapari, ativista da causa indígena que está no município de Pedra Branca, onde fica o território Wajãpi. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) confirmou a morte e também está no local junto com as polícias Federal e Militar para "garantir a integridade dos indígenas e apuração dos fatos", afirmou em nota. O Ministério Público Federal (MPF) também está apurando a morte do cacique e as denúncias da invasão.
  
Segundo relatos, o cacique Emyra Wajãpi foi esfaqueado no meio da mata no momento em que se deslocava até sua aldeia, depois de ter ido visitar a filha. Seu corpo foi jogado no rio e encontrado por sua esposa. "Nós não queremos mais a morte das nossas lideranças indígenas. Estamos pedindo socorro para as autoridades competentes do Estado do Amapá", disse um morador da comunidade em vídeo recebido pelo EL PAÍS. Os indígenas relatam que garimpeiros estão invadindo aldeias durante a noite e agredindo mulheres crianças. Também estão realizando disparos com armas de fogo para intimidar as comunidades locais.
 
Um documento interno da FUNAI obtido pelo jornal Folha de S. Paulo aponta que cerca de 15 invasores portando armas de grosso calibre tomaram uma aldeia e têm feito incursões para intimidar os índios da região, de acordo com os relatos dos moradores do Terra Wajãpi. "Podemos concluir que a presença de invasores é real e que o clima de tensão e exaltação na região é alto", afirma o organismo, vinculado ao Ministério da Justiça. O documento afirma ainda que os invasores estão dormindo na aldeia Aramirã e forçaram os indígenas que ali moram a se concentrar na vizinha Marity, a 40 minutos caminhando, segundo o jornal. O órgão indigenista explica que não esteve no local do crime por causa da dificuldade de acessá-lo — é preciso se deslocar de carro, de barco e a pé —, mas orientou os indígenas a não se aproximarem dos homens armados, ainda segundo a Folha. Também recomendou que a presidência da FUNAI busque o apoio da Polícia Federal e do Exército.

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