Em entrevista exclusiva ao Vatican
News, dom Cláudio falou sobre como atuar o documento “Querida
Amazonia”, do Papa Francisco, na realidade daquela região.
"É a continuação do processo, exatamente. Claro que
isso tem também uma repercussão para todo o mundo, não apenas na Amazônia. É
como a Laudato si', que já tocou nos pontos fundamentais, e esse Sínodo é um
fruto também da Laudato
si', não só, mas também da Laudato
si', então, isso realmente tem a ver também com toda a questão ecológica e
socioambiental. Social, na questão da pobreza, a ecologia, a questão cultural,
enfim, tudo isso tem a ver com a comunidade mundial inteira e com a Igreja
universal em todo mundo. Mas, de modo muito específico, o Sínodo quis tratar da
realidade amazônica e da sua gente amazônica e da Igreja na Amazônia. Então,
nós temos que, de fato, continuar agora esse processo, voltando às bases, e,
ali, começando também a construir algumas das organizações necessárias como,
por exemplo, esse organismo eclesial para a Pan-Amazônia
que está previsto ali para a Amazônia. Um organismo eclesial que vai, na
verdade, e de alguma forma, coordenar e animar todo esse processo. Outras
coisas dizem respeito, por exemplo, à questão da educação, da comunicação, que
são grandes áreas que deverão ser imediatamente retomadas para ver como é que
nós vamos conseguir realmente fazer uma comunicação para todo esse processo,
porque a comunicação é fundamental. E quais são os instrumentos que nós temos e
de que forma nós vamos poder escutar e devolver sempre de novo aquilo que vai
ser no processo. Como, também, a questão da educação: de como ir educando numa
Educação inclusiva e de escuta, onde esse processo todo não é uma educação de
ensino, que ensina coisas, mas que vai formando convicções e vai formando
práticas adequadas a toda a questão que o Sínodo se pôs."
Os pontos de análise
Dom Claudio, então, respondeu sobre o debate gerado em
relação ao celibato e a possibilidade de ordenar sacerdotes casados:
"Será difícil dizer se vai frustrar ou não frustrar.
Não sei dizer isso. As pessoas que se dirão frustradas deverão dizer isso, não
tem nenhuma se vai frustrar pessoas. Repito porque o Papa deixou claro que o
documento todo, não alguns números sim, outros não, mas o documento todo seja
levado a prática."
A tarefa pós-sinodal
O convite de Dom Cláudio, então, reflete o mesmo do Papa
Francisco para que a Igreja acolha a “Querida
Amazonia” e a ponha em prática:
"Na verdade é um texto muito bonito e muito
significativo, de muito conteúdo, onde o Papa, de fato, apresenta o documento e
diz que a Igreja acolha o documento, que a Igreja leia o documento, que a
Igreja ponha em prática. Ele diz claramente que a Igreja toda se esforce para
pôr em prática esse documento final. E, por isso mesmo, ele não cita nenhum
número, nenhum texto do Documento Final, exatamente pra dizer que não há textos
que podem se deixar de lado - uns sim, outros não. É o texto todo que a Igreja
deve procurar pôr em prática. Isso está muito claro, mas isso dentro de um
processo, que também o Papa deixou muito claro, que é um processo. E, portanto,
nós voltamos também com toda essa documentação - seja o Documento Final, seja a
Exortação do Papa, nós voltaremos às bases para ali, de novo, começarmos junto
com o povo, começar a construir esses caminhos. Como, então, construir esses
caminhos agora, nesse momento do processo - um processo que teve um ponto alto,
sim, no Sínodo, mas não terminou ali. É um caminho que ainda temos que
percorrer, continuar percorrendo, como a Igreja deverá fazer sempre na história."
O
sentido desta Exortação, Querida Amazônia
“A Amazônia querida
apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor,
o seu drama e o seu mistério.” Assim tem início a Exortação apostólica pós-sinodal, Querida
Amazônia. O Pontífice, nos primeiros pontos, (2-4) explica “o
sentido desta Exortação”, rica de referências a documentos das Conferências
episcopais dos países amazônicos, mas também a poesias de autores ligados à
Amazônia. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo
provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento final, que convida a ler
“integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se deixe “enriquecer e interpelar”
por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se empenhe “na sua aplicação”.
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