quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Governos da Amazônia, SDSN-Amazônia e FAS assinam carta ao Papa em defesa da região


28 de outubro de 2019 - Organizações participaram de cúpula de governadores que resultou em documento com orientações e compromissos assumidos por autoridades, cientistas e sociedade civil na Amazônia

Ampliar o diálogo com a comunidade internacional sobre a Amazônia e assumir compromissos em defesa da região, da sua rica biodiversidade, seus povos e culturas foram o principal objetivo da 1ª Cúpula dos Governadores dos Estados da Pan-Amazônia, um encontro realizado nesta segunda-feira (28/10), na sede da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, na cidade do Vaticano, que reuniu autoridades e representantes do poder público de diversos países amazônicos, incluindo o Brasil, além de cientistas, sociedade civil e a Igreja Católica.

O encontro, que aconteceu um dia após o Sínodo do Amazônia, foi organizado pela Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Brasileira e pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN-Amazônia).
Entre as autoridades presentes estavam o governador do Amazonas, Wilson Lima, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, que foi relator do Sínodo da Amazônia e responsável por escrever o documento final com as metas e compromissos deliberados pelos bispos da Igreja Católica no Sínodo, e o reitor da Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano, o monsenhor Marcelo Sánchez Sorondo, além do presidente do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal e governador do Amapá, Waldez Góes, e o coordenador-geral da SDSN Amazônia, Virgílio Viana, que também é superintendente da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

“O encontro teve como principal resultado a troca de experiências entre os diferentes governos estaduais do Brasil e dos países da Pan-Amazônia com a finalidade de identificar pontos de convergência entre as necessidades dos estados amazônicos e as conclusões do Sínodo”, explicou Virgílio Viana. “Aqui foram identificadas as diferentes ações que vão permitir que os estados amazônicos transformem o interesse global sobre o futuro da Amazônia em fontes de financiamento que possam gerar mais emprego e renda e também contribuir para a redução do desmatamento e dos incêndios florestais”.

Durante a cúpula, o governador Wilson Lima falou em defesa da promoção da dignidade humana dentro do processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Muito tem se falado sobre o aumento dos instrumentos de proteção, tecnologia, mas, por mais que se tenha todos esses instrumentos, não seremos capazes de fazer isso sem que o cidadão que mora lá entenda a importância de se preservar. E ele só vai conseguir fazer isso no momento em que a floresta fizer sentido para ele. Porque hoje essa metade da população explora a floresta como uma forma de sobrevivência. E sobreviver é condição primária”, disse.

Também participaram da cúpula os governadores do Pará, Helder Barbalho; do Maranhão, Flávio Dino; e do Piauí, Wellington Dias; o secretário de Assuntos de Soberania Nacional do Governo Federal do Brasil, Fabio Mendes Marzano, e chefes do Executivo de outros oito países amazônicos, como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, além de outros representantes da sociedade civil, como Conservation Internacional (CI), GCF Task Force e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Carta ao Papa Francisco
Ao final da cúpula, os governadores da Pan-Amazônia, cientistas e os representantes da sociedade civil assinaram uma carta com orientações e compromissos assumidos em defesa da Amazônia. O documento, endereçado ao Papa Francisco, a maior autoridade da Igreja Católica, reúne 14 pontos como o reconhecimento de um estado de ameaça por qual passa a região amazônica e um pedido de ampliação das metas estabelecidas no Acordo de Paris já em 2020.

Sínodo da Amazônia
O Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica foi um encontro entre bispos da Igreja Católica que aconteceu entre 6 e 27 de outubro na cidade do Vaticano com objetivo de identificar novos caminhos para a evangelização na região. Entre outros pontos estavam a defesa dos povos indígenas, ribeirinhos e suas culturas e a defesa da biodiversidade da região.

Sobre a SDSN
A SDSN é uma Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Solutions Network) que existe desde 2012 com o objetivo de engajar a academia, sociedade civil e o setor privado a promoverem a resolução prática aos desafios do desenvolvimento sustentável do planeta, implementando uma agenda relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao Acordo de Paris, em escala local, nacional e global. A SDSN-Amazônia é a regional da SDSN na região amazônica e que mobiliza os países da bacia amazônica como Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

Sobre a FAS
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos e sem vínculos político-partidários que tem por missão fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada, promovendo ações de desenvolvimento sustentável e de melhoria de qualidade de vida dos povos que vivem na floresta. Por meio de programas e projetos, a FAS impacta a vida de cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação do Estado, em cooperação com a Sema e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Samsung, Bradesco e Coca-Cola Brasil.
Fonte: Fas-amazonas

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

No Vaticano, governadores da Amazônia apresentam avaliação sobre o Sínodo


"O bem-viver e o desenvolvimento sustentável dependem de uma série de atitudes e premissas. Em primeiro lugar, que o reconhecimento de que há simultaneamente uma crise ambiental e crise social", declarou Flávio Dino, participante do encontro.

Governadores de 30 estados de oito países da região amazônica participaram nesta segunda-feira (28) de uma reunião na Academia de Ciências do Vaticano, para apresentar diretrizes que garantam a aplicação das resoluções do Sínodo da Amazônia, encerrado no domingo com uma missa do Papa Francisco.

Segundo o Vaticano, o objetivo da cúpula, promovida pela Pontifícia Academia das Ciências, pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Brasileira e pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, foi o de examinar a mensagem do Papa Francisco no Sínodo da Amazônia e os resultados da cúpula. O encontro também teve como meta dar aos governadores a oportunidade de apresentar compromissos com o desenvolvimento sustentável na região.

“O bem-viver e o desenvolvimento sustentável dependem de uma série de atitudes e premissas. Em primeiro lugar, que o reconhecimento de que há simultaneamente uma crise ambiental e crise social. Em segundo lugar, que o cumprimento de compromissos internacionais não representam um quebra de soberania. E, finalmente, a necessidade dos países mais ricos assumirem responsabilidades diferenciadas […] que eles assumam encargos proporcionais aos danos que eles já provocaram”, declarou o governador do Maranhão, após o encontro, afirmando que é importante garantir o cumprimento das propostas do Sínodo.

Documento
No sábado (26), foi divulgado um documento de 33 páginas, com propostas como a ordenação de homens casados para atuar na Amazônia, a criação do “pecado ecológico”, o respeito à religiosidade não cristã indígena e o estabelecimento de um “observatório pastoral socioambiental”. Além disso, o documento mirou no modelo de desenvolvimento da região, destacando a presença de extrativismo ilegal e desmatamento e a adoção de projetos econômicos que prejudicam o meio ambiente, com respaldo de governos.

Já no domingo, Francisco realizou uma missa em que criticou a política predatória com relação ao meio ambiente e relembrou o passado perverso da Igreja Católica com relação aos indígenas e ao processo de colonização do Brasil. "Quantas vezes quem está à frente, como o fariseu relativamente ao publicano, levanta muros para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados. Ou então, considerando-os atrasados e de pouco valor, despreza as suas tradições, cancela suas histórias, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens", disse o Papa.
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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Documento do Sínodo Amazônico propõe estruturas burocráticas e novas opções pastorais


O documento final do Sínodo da Amazônia, publicado este sábado 26 de outubro, propõe novas opções pastorais e estruturas burocráticas.
O texto de 30 páginas e 120 pontos está dividido em uma introdução, quatro capítulos e uma breve conclusão. Os capítulos correspondem à conversão pastoral, cultural, ecológica e sinodal.
Embora o Papa Francisco já tivesse mencionado a “conversão ecológica” em sua encíclicaLaudato Si’”, de 2015, o conceito de “pecado ecológico” foi elaborado durante o Sínodo: propõe-se que o desrespeito à natureza seja visto como uma nova forma de pecado, por representar um desrespeito ao “Criador”, ou seja, Deus, e à sua obra, que são o planeta Terra e todos seres.

Entre os temas mais polêmicos, o Sínodo também propõe a ordenação de homens casados, em alguns casos, para suprir a falta de padres na Amazônia. Os participantes do encontro pedem para participar da discussão sobre o diaconato feminino na Igreja com suas experiências.

O diácono é um ministro dedicado ao serviço na Igreja e está um grau abaixo de um padre (não pode celebrar missas, ouvir confissões nem ungir os enfermos). Atualmente, só homens podem ser diáconos, mas há evidências de que mulheres realizaram serviços parecidos no passado.
As resoluções do Sínodo não são definitivas, mas apenas propostas entregues ao Papa após um debate que durou três semanas, no Vaticano. Participaram cerca de 250 pessoas, entre bispos, padres, religiosas, líderes indígenas, membros de outros grupos religiosos e especialistas nos temas da Amazônia. Cabe, agora, ao Papa decidir o que fazer a partir daí.

O texto final do Sínodo sobre a Amazônia foi votado por 181 participantes que têm direito a voto, os chamados “padres sinodais”. Durante a votação do documento, todos os parágrafos receberam maioria de dois terços de aprovação. Os que causaram mais discórdia foram justamente os parágrafos que tratam dos padres casados e das mulheres diaconisas.

Entre os pontos mais importantes do documento final estão:
O conceito de “pecado ecológico” como uma “ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o ambiente” e o chamado à conversão e o cuidado da “casa comum”, isto é, o planeta Terra.
Para isso, é preciso promover uma “ecologia integral como único caminho possível”. A ideia é não separar as questões ecológicas dos problemas sociais.
Proposta de criação de um observatório da Igreja para denunciar problemas ambientais e sociais, promovendo a “defesa da vida” e “defendendo os direitos dos mais vulneráveis”.
Pedido de maior mobilização da comunidade internacional para destinar recursos econômicos para a proteção da floresta e para a promoção de “um modelo de desenvolvimento justo e solidário” na Amazônia.

O texto faz fortes denúncias dos crimes contra os direitos humanos na Amazônia, dizendo que há “impunidade na região com relação a violações” desses direitos e “obstáculos para obter justiça”.
Proposta de ordenação de homens casados nas zonas remotas da Amazônia para suprir a falta de padres. O texto diz que algumas regiões passam meses e anos sem a missa. Embora continuem “apreciando o celibato como dom de Deus”, os bispos do Sínodo propõem “ordenar homens idôneos e reconhecidos da comunidade” que já sejam diáconos permanentes, mesmo que tenham uma família.
Há menção sobre o reconhecimento do “papel fundamental das mulheres” nas comunidades da Amazônia e um pedido para que líderes da região possam participar da discussão sobre a implantação do diaconato feminino.

O pecado ecológico
Segundo o cardeal Michael Czerny, um dos autores do documento, “as queimadas na Amazônia fizeram muita gente perceber que as coisas precisam mudar” na região. Por isso, “a palavra conversão é forte para falarmos de mudanças necessárias”. Todo o texto é delineado com essa palavra, em quatro eixos que apresentam “novos caminhos” para a Amazônia: pastoral, cultural, ecológico e sinodal.
O texto final do Sínodo propõe a seguinte definição para o “pecado ecológico”: “uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o ambiente”. Diz, ainda, que se trata de um “pecado contra as futuras gerações”. A forma de praticar esse pecado seria a contaminação e a destruição do meio ambiente.

Nesse sentido, os participantes do Sínodo pedem a criação de “ministérios especiais” para o cuidado do meio ambiente na Igreja. Seriam pessoas da Igreja com funções como cuidar do território e da água numa determinada região, além de promover a formação ecológica dos outros.
“A crise ecológica é tão profunda que se não mudarmos, não vamos conseguir sobreviver”, comentou o cardeal Czerny, na apresentação do documento. “Na Amazônia, se as coisas não mudarem, será um lugar amaldiçoado. As pessoas vão vir, levar tudo o que tem valor, e deixar só destruição. Vamos olhar para a Amazônia e não deixá-la se tornar uma maldição”, afirmou o arcebispo canadense.


Padres casados
Durante as três semanas do Sínodo ficou evidente que a falta de padres é uma grande preocupação da maioria dos bispos da Amazônia. Eles divergiram, no entanto, sobre as ideias de como suprir essa carência.
A proposta de ordenar homens casados de boa reputação, os chamados “viri probati”, ganhou força ao longo dos dias. Mesmo sendo um dos parágrafos que receberam menos votos de aprovação (128 a favor e 41 contra), o número 111 do texto acabou passando. Eram precisos 120 votos.
Nessa redação final, fala-se mais precisamente da elevação dos diáconos permanentes ao nível de padres. Os diáconos são homens já ordenados, mas apenas em primeiro grau. Sua função é realizar serviços nas comunidades. Podem presidir celebrações, mas não missas. Não podem ouvir confissões nem ungir os enfermos.

Como já existem padres casados no Oriente – e também os padres anglicanos que se convertem ao Catolicismo podem continuar casados – os bispos propuseram isso para a Amazônia.
O documento afirma que não se trata de extinguir o celibato dos padres – a regra que prevalece no Ocidente – mas, ainda assim, abrir a Igreja para a “ordenação de homens idôneos e reconhecidos da comunidade”, com formação adequada.

O texto sinaliza, também, que não houve acordo sobre propor essa mudança para toda a Igreja, além da Amazônia. Alguns participantes do Sínodo pedem que essa abertura mais ampla.

Diaconato feminino
A pedido de um grupo de freiras, em 2016, o Papa Francisco chegou a criar uma comissão no Vaticano para estudar o diaconato feminino na história da Igreja. A ideia era compreender como isso funcionava no passado, pois mesmo que usassem o nome “diaconisas”, nem sempre eram o equivalente aos diáconos homens. A palavra “diakonia” quer dizer serviço, em grego.
Essa comissão terminou seu trabalho em dezembro de 2018 sem chegar a um consenso sobre o que foi o diaconato feminino no passado. Desde então, o tema ficou sem conclusão e o Papa deixou que os teólogos trabalhassem de forma independente, sem a comissão.
Agora, os bispos da Amazônia pedem que esse debate seja retomado e, além disso, querem fazer parte dele. O documento final aponta para consultas realizadas antes do Sínodo em que “se reconheceu o papel fundamental das mulheres religiosas e leigas na Igreja”. Nessas consultas, muitos pediram que as mulheres possam ser diaconisas católicas.

“Por essa razão, o tema também esteve muito presente no Sínodo”, diz o texto. Ainda que de forma sutil, o documento pede que essa possibilidade seja levada a sério. “Gostaríamos de compartilhar nossas experiências e reflexões com a Comissão e esperamos os seus resultados”, diz o texto.
No discurso de encerramento do Sínodo, Francisco prometeu reabrir a comissão sobre as mulheres diaconisas, documento, número 99.

Questão indígena e direitos humanos
O documento fala em ampliar a defesa dos povos indígenas da Amazônia, “mediante a garantia legal e inviolável dos territórios que ocupam de forma tradicional”. O Sínodo pede mais mecanismos de cooperação entre os estados, especialmente nas fronteiras.
“Em todo momento, deve-se garantir o respeito a sua autodeterminação e à sua livre decisão sobre o tipo de relações que queiram estabelecer com outros grupos”, diz o texto, acrescentando que a ameaça está especialmente na “ampliação das fronteiras extrativas de recursos naturais e no desenvolvimento de megraprojetos de infraestrutura”.

Para fazer frente a essas ameaças, os padres sinodais propõem que a Igreja crie uma nova instituição, um “observatório socioambiental pastoral”. A ideia é fazer um “diagnóstico do território e de seus conflitos socioambientais”, para que a Igreja saiba como se posicionar diante deles.

Referencias:

Na introdução, os participantes do Sínodo fazem um diagnóstico general sobre a Amazônia e afirmam que esta região “hoje é uma formosura ferida e deformada, um lugar de dor e violência. Os atentados contra a natureza têm consequências contra a vida dos povos”.

“Esta única crise sócio-ambiental se refletiu nas escutas pré-sinodais que assinalaram as seguintes ameaças contra a vida: apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; as concessões madeireiras legais e o ingresso de madeireiras ilegais; a caça e a pesca predatórias; os mega-projetos não sustentáveis (hidrelétricas, concessões florestais, exploração massiva de madeira, monoculturas, estradas, hidrovias, ferrovias e projetos mineiros e petroleiros); a contaminação ocasionada pela indústria extrativa e os lixões das cidades e, sobretudo, a mudança climática”, prossegue o texto no parágrafo ou numeral 10.

Estas, indica o documento, “são ameaças reais que trazem associadas graves consequências sociais: enfermidades derivadas da contaminação, o narcotráfico, os grupos armados ilegais, o alcoolismo, a violência contra a mulher, a exploração sexual, o tráfico e tráfico de pessoas, a venda de órgãos, o turismo sexual, a perda da cultura originária e da identidade (idioma, práticas espirituais e costumes), a criminalidade e assassinato de líderes e defensores do território”.

“Por trás de tudo isso estão os interesses econômicos e políticos dos setores dominantes, com a cumplicidade de alguns governantes e de algumas autoridades indígenas. As vítimas são os setores mais vulneráveis, as crianças, jovens, mulheres e a irmã mãe terra”, continua o texto.

Em relação à conversão pastoral, o documento final do Sínodo propõe uma  "Igreja em saída missionária",  uma "Igreja samaritana, misericordiosa, solidária", uma "Igreja em diálogo ecumênico, interreligioso e cultural" que "leva-se a cabo especialmente com as religiões indígenas e os cultos afrodescendentes",  uma "Igreja missionária que serve e acompanha aos povos amazônicos", uma "Igreja com rosto indígena, camponês e afrodescendente", uma "Igreja com rosto migrante" uma  "Igreja com rosto jovem" e uma Igreja "que percorre novos caminhos na pastoral urbana".

Em relação à conversão cultural, o texto indica no parágrafo 48 que “a Igreja promove a salvação integral da pessoa humana, valorizando a cultura dos povos indígenas, falando de suas necessidades vitais, acompanhando os movimentos em suas lutas por seus direitos".

Mais adiante, no número 55, o documento final afirma que “a evangelização que hoje propomos para a Amazônia, é o anúncio inculturado que gera processos de interculturalidade, processos que promovem a vida da Igreja com uma identidade e um rosto amazônico". Em nenhum momento se fala da evangelização da cultura nem do anúncio direto de Jesus Cristo, nem da conversão.

No que diz respeito à conversão ecológica, o texto assinala no parágrafo 65 que “nosso planeta é um dom de Deus, mas sabemos também que vivemos a urgência de atuar frente a uma crise socioambiental sem precedentes" e propõem caminhar "para uma ecologia integral da encíclica Laudato Sì".

Segundo o parágrafo 74 do documento, "o papel da Igreja é o de aliada. Eles (os indígenas) expressaram claramente que querem que a Igreja os acompanhe, que caminhe junto a eles, e não que lhes imponha um modo de ser particular, um modo de desenvolvimento específico que pouco tem que ver com suas culturas, tradições e espiritualidades. Eles sabem como cuidar a Amazônia, como amá-la e protegê-la; o que precisam é que a Igreja os apoie".

No número 82 do texto se propõe logo “definir o pecado ecológico como uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o ambiente". "Também propomos criar ministérios especiais para o cuidado da “casa comum” e a promoção da ecologia integral a nível paroquial e em cada jurisdição eclesiástica", prossegue o documento final.

O numeral 85 expõe logo criar um observatório socioambiental pastoral que "trabalharia em aliança com o CELAM, a CLAR, Caritas, a REPAM, os Episcopados nacionais, as Igrejas locais, as Universidades Católicas, a CIDH, outros atores não-eclesiásticos no continente e os representantes dos povos indígenas. Igualmente pedimos que no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, crie-se um escritório amazônico que esteja em relação com este Observatório e as demais instituições locais amazônicas".    

No que se refere à conversão sinodal, os participantes do Sínodo propõem “um estilo sinodal de viver e de obrar na região amazônica". Para isso fazem as propostas de ordenar os "viri probati", estudar a possibilidade da ordenação de mulheres para o diaconato e a criação de um rito amazônico.

A isso se somam propostas como a do parágrafo 96 que assinala que "o Bispo possa confiar, por um mandato de tempo determinado, ante a ausência de sacerdotes nas comunidades, o exercício do cuidado pastoral da mesma a uma pessoa não investida do caráter sacerdotal, que seja membro da comunidade".

O numeral 102 do documento ressalta logo que “é necessário fomentar a formação de mulheres em estudos de teologia bíblica, teologia sistemática, direito canônico, valorizando sua presença em organizações e sua liderança dentro e fora do entorno eclesiástico" e no parágrafo 108 se propõe além disso uma formação de futuros sacerdotes que inclua "disciplinas que abordem a ecologia integral, a eco teologia, a teologia da criação, as teologias índias, a espiritualidade ecológica, a histórica da Igreja na Amazônia, a antropologia cultural amazônica, etc".

O parágrafo 112 indica deste modo a necessidade de “redimensionar as extensas áreas geográficas das diocese, vicariatos e prelazias; criar um fundo Amazônico para o sustento da evangelização; sensibilizar e estimular às agências internacionais de cooperação católica para que apoiem além dos projetos sociais as atividades de evangelização".

O documento final propõe logo criar uma Universidade Católica Amazônica e no numeral 115 sugere iniciar um novo "Organismo Eclesiástico Regional Pós-sinodal para a região amazônica".

O numeral 120 conclui fazendo votos para que “Maria, Mãe da Amazônia, acompanhe nosso caminhar; a São José, custódio fiel de Maria e de seu filho Jesus, consagramo-lhe nossa presença eclesial na Amazônia, Igreja com rosto amazônico e em saída missionária".

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Dom Azcona adverte sobre significado de estátua da mãe terra no Sínodo da Amazônia


O Bispo emérito da Prelazia do Marajó (PA), Dom José Luiz Azcona Hermoso, fez uma advertência sobre o significado das estátuas da mãe terra que estiveram presentes no Sínodo da Amazônia, que ocorreu no Vaticano de 6 a 27 de outubro.

“Não era somente um símbolo, todo símbolo evoca, reflete um conteúdo”, afirmou o Prelado durante sua homilia na Missa que presidiu no último domingo, 27 de outubro, na Basílica santuário de Nazaré, em Belém (PA).
Dom Azcona explicou que “todas as religiões utilizam os símbolos para explicar suas convicções religiosas, suas crenças. Portanto, a presença daquelas imagens na Igreja dos carmelitas não era somente um símbolo. Era um símbolo, mas com uma significação bem concreta do culto à mãe terra”.
“É idolatria, por quê? Prescindindo da boa intenção dos que a colocaram lá, é idolatria porque idolatria é reconhecimento de outras divindades que não são o Deus vivo”, sublinhou.

Nesse sentido, recordou que o próprio Deus afirma “não terás outro deus diante de mim”. “Toda a Bíblia fala disso e aquele que colocou [a estátua nos eventos do Sínodo] também sabe disso, que não tem outro deus é isso é fundamental. ‘Escuta Israel, o Senhor teu Deus é o único senhor. Adorarás ao teu Deus e somente a Ele darás culto’”.

O Prelado recordou ainda o evento ocorrido em julho deste ano em Brasília, realizado pela REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica), o qual “teve rituais indígenas”, além da celebração ocorrida em 4 de outubro, nos Jardins do Vaticano, na qual esteve presente a mesma imagem da mãe terra, em torno da qual “aparece um grupo de pessoas ajoelhadas, adorando, prostradas, de joelhos, inclinadas até o chão, com as mãos em cima da terra e o rosto entre as mãos”.

“O que significa? Interpreta-se um culto à mãe terra, em agradecimento, reconhecendo com muita gratidão, por meio desse gesto de adoração e da prostração, a divindade da pachamama”, observou, para advertir, em seguida que “ninguém adora, ninguém se prostra a não ser diante do símbolo da cruz, somente e na Semana Santa”.

Então, pontuou em relação às estátuas, “adoração dos ídolos e, detrás de um ídolo tem um demônio, assim dizia a Conferência Episcopal Latino-Americana de Puebla, na década de 1970, detrás de cada ídolo tem um demônio, pelo menos. Isso tem que ficar claro”.

O Bispo Emérito do Marajó questionou, então, “o que tem tudo isso a ver com Nossa Senhora?”. “Tudo”, respondeu, a explicar que “‘Ave Maria, cheia de graça’ quer dizer ‘salve, alegra-te, alegria messiânica de que chegou o Reino de Deus’”.

Por outro lado, “a pachamama não traz alegria nenhuma para ninguém, menos ainda alegria definitiva de Deus estar com os homens”. Além disso, “faz presente esses mitos que são de toda a história da humanidade, que já estão, por exemplo, nos romanos, nos gregos, Ceres, Cibeles, Ártemis, a mesma Astarte, que é a parceira do deus Baal, que todo mundo terá ouvido falar do enfrentamento do profeta Elias contra Baal e a parceira dele é esta Astarte, que tem o mesmo significado, os mesmos atributos que a pachamama, deusa da fecundidade, deusa do amor sensual e, de fato, aparece nua sempre”.
 Além disso, indicou que Jesus “é o fruto bendito” do ventre de Maria, “não o fruto da terra, mas Aquele que criou o céu, a terra, a fecundidade, a capacidade de gerar vida”.

Desse modo, recordou o início d Evangelho de São João, no qual se diz que “no princípio existia a Palavra e a Palavra estava em Deus e a Palavra era Deus”. “Na Palavra havia vida. É na Palavra que está a vida, a fecundidade, a sacralidade da vida, a vida plena”.

“E a vida é a luz que ilumina todos os homens e também o indígena, se quer ver. Do contrário, entra nas fileiras enormes daqueles que, tendo conhecido Deus, não o adoraram, mas adoraram a criatura, em vez de adorar ao Criador que seja bendito para sempre”, acrescentou.
Além disso, o Prelado recordou como se pede na oração da Ave-Maria que a Virgem rogue “por nós pecadores”, ou seja, “nós nos reconhecemos pecadores e “não podemos ser como transparece, às vezes, no Instrumento de trabalho e até mesmo no documento final [do Sínodo] sobre as culturas indígenas, como se não tivessem pecado, como se pudessem ser transmitidas a toda humanidade sem serem batizadas pela fé e pela purificação, pela cura do Verbo de Deus”.

O Cristo crucificado
Durante sua homilia, Dom Azcona falou ainda sobre a necessidade de conversão e de focar sempre no Cristo crucificado. Segundo ele, “o arrependimento inicial é toda história da espiritualidade cristã e da teologia, que a conversão de um pecador é um milagre maior do que criar o céu e a terra, maior ainda do que ressuscitar um morto, porque se trata da transformação, uma existência transfigurada”, como ocorreu verdadeiramente em Pentecostes, “uma experiência que os transformou.

Assim, o Prelado convidou a questionar-se: “acontece isso, a proposta explícita de um Pentecostes para a Amazônia, lendo o documento final do Sínodo entregue para o Papa?”.

“Nós podemos observar que não se fala uma só vez de Pentecostes. Fala-se do Espírito Santo, graças a Deus. Mas, a aplicação da ação do Espírito Santo nos caminhos novos da evangelização da Amazônia está desligado do acontecimento de Pentecostes, que por sua vez, depende necessariamente da proclamação da fé no mistério de Cristo crucificado e ressuscitado”, assinalou.

Portanto, exortou, “vamos trabalhar, vamos sair deste Sínodo da Amazônia, tendo consciência da necessidade prioritária de nascermos de novo no poder do Espírito Santo”, a fim de “anunciar o Evangelho”, o qual é “Pentecostes: Ide e anunciai o Evangelho a toda criatura, indígena, caboclo, afrodescendentes, amazônida, urbano, todo mundo”.

Nesse sentido, ressaltou a necessidade de “focalizar Cristo e Cristo crucificado”. “Graças a Deus, o Sínodo já introduz um par de vezes o Cristo Crucificado. Porém, silencia o poder e a sabedoria do Crucificado no texto. Quando se trata, por exemplo, de cultura, de interculturalidade, de diálogo, essa proclamação de Cristo Crucificado fica diluída, ou silenciada, sequestrada”, assinalou.

Dom Azcona abordou ainda um terceiro ponto, a “devoção autêntica a Nossa Senhora”, a qual “nos leva necessariamente a Jesus Cristo e, levando-nos a Jesus Cristo, nos leva ao homem, nos leva à criação toda, nos leva aos desafios do meio ambiente, nos leva a Cristo pela conversão ecológica que tem como ponto de partida único o arrependimento dos pecados, o encontro pessoal transformante com Cristo”.

Dessa forma, ressaltou que a “autêntica devoção a Nossa Senhora de Nazaré tem que nos levar a Cristo crucificado, ao sacrifício de Cristo na cruz. Do contrário, é uma falsa, falsíssima devoção a Nossa Senhora”.
A homilia completa de Dom José Luiz Azcona pode ser conferida em vídeo a partir do minuto 30, AQUI.
Publicado pelo site Acidigital e não representam a opinião do Site IUPAN.
Fonte: Acidigital

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Coletiva Sínodo Pan-Amazônico: mulheres e Igreja, tutela e missão


A presença fundamental da mulher na Igreja foi um dos temas candentes da coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé esta quarta-feira (23/10) sobre o Sínodo dedicado à Região Pan-Amazônica. Tomaram a palavra Irmã Roselei Bertoldo, Pe. Zenildo Lima da Silva, dom Gilberto Alfredo Vizcarra Mori, dom Ricardo Ernesto Centellas Guzmán e o cardeal Oswald Gracias

Sábado (26/10), a votação do documento final do Sínodo para a Amazônia, em sua última semana de trabalhos. O prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou sobre o andamento da Assembleia sinodal na coletiva desta quarta-feira (23/10) na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na segunda e terça-feira, os círculos menores elaboraram as propostas; o relator geral e os secretários especiais as inseriram com a ajuda dos especialistas. A Comissão de redação revê o texto que, depois, será apresentado na Sala do Sínodo para as votações.
Trata-se de um texto que será depois confiado ao último discernimento do Papa, explicou o secretário da Comissão para a Informação, Pe. Giacomo Costa. Ruffini evidenciou também o chamado à sinodalidade e à ação do Espírito Santo evocados pelo Papa na manhã desta quarta-feira na audiência geral.

Entre os relatores, quem primeiro tomou a palavra durante a coletiva de imprensa foi uma mulher, Irmã Roselei Bertoldo, da Congregação das Irmãs do Coração Imaculado de Maria e da Rede “Um grito pela Vida”. Uma vida, a sua vida, dedicada a erradicar o tráfico de pessoas, especialmente de mulheres e crianças, no Brasil.
Um dos maiores problemas é o da “servidão doméstica”, quando as meninas são levadas embora da comunidade indígena para estudar fora e acabam, ao invés, sendo exploradas sexualmente e levadas a trabalhar em situação “de escravidão”.

Com paixão e amor, Irmã Roselei denunciou que o corpo destas mulheres e meninas se torna uma mercadoria e ressaltou que é difícil denunciar. Por isso, a Rede na qual ela trabalha faz, em primeiro lugar, uma campanha para ajudar a reconhecer uma situação de abuso, para depois formar as pessoas colocando-as em condições de denunciar.
O Sínodo para a Amazônia chama a atenção também sobre esse drama e, ressaltou a religiosa, o compromisso com a evangelização parte também da tutela da vida. Respondendo a uma pergunta, ressaltou ainda a importância da participação das mulheres inclusive a nível de decisões.

“A presença das mulheres na Igreja é maioria, mas nos âmbitos de decisão é minoria, quase invisível”. O bispo de Potosí e presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, dom Ricardo Ernesto Centellas Guzmán, em sua fala exortou a um maior envolvimento das mulheres nos processos de decisão na Igreja, partindo das paróquias.
Em particular, contou a experiência de uma agente pastoral em sua diocese, que como mulher tem uma abordagem diferente em relação ao homem: pede sugestões, permitindo a participação. Uma Igreja sinodal significa não somente “caminhar juntos”, mas também “decidir juntos”.
Se a autoridade de governo, na Igreja, é masculina, a atividade pastoral é preponderantemente feminina, ressaltou em seguida o reitor do Seminário São José de Manaus e vice-presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil, Pe. Zenildo Lima da Silva.
O foco de sua intervenção foi a formação dos presbíteros e a sua exortação foi a repensar o processo partindo da sinodalidade. É preciso formar sacerdotes capazes de trabalhar na realidade da Amazônia e de dialogar com essas culturas. Evidenciou, também no que concerne à comunicação, a importância de colocar-se num processo de escuta e diálogo.

O mundo andino, o Chade, a floresta do Peru. Vários lugares visitados pelo vigário apostólico de Jaén no Peru o San Francisco Javier, dom Gilberto Alfredo Vizcarra Mori, jesuíta. De suas palavras, o desejo de aproximar-se de outras culturas, e a experiência da qual falou foi de enriquecimento.

Preparou-se para este Sínodo indo viver na selva peruana com essas comunidades. Ressaltou que esses povos se sentem parte do bioma e não donos da beleza da criação e exortou, em seguida, a readquirir o viver em harmonia com a natureza, aprendendo propriamente com eles.
Uma grande experiência de aprendizagem. Com essas palavras, o arcebispo de Mumbai (Ex-Bombaim), na Índia, cardeal Oswald Gracias, sintetizou sua vivência destes dias no Sínodo.
Além da grande violência contra a natureza, o cardeal se disse impressionado com as injustiças contra os indígenas da Amazônia, expulsos de suas casas, unindo esta situação à das castas na Índia e das tribos expulsas de suas terras, embora “em nosso caso”, explicou, seja “menos sistemático”.

Mas o que mais o impressionou foi sobretudo “a paixão” com a qual os bispos amazônicos buscam ajudar esses povos: “O mundo tem muito a aprender” com os bispos da América do Sul, afirmou.
No que diz respeito às mulheres, ressaltou que “o Direito canônico e a própria teologia” permitem fazer mais pelas mulheres na Igreja, e no concernente à inculturação, evidenciou a importância de se ter métodos de formação inculturados nos seminários. Por fim, também ele se deteve sobre a sinodalidade, destacando a importância de “caminhar todos juntos”.
Publicado pelo site Vatican News e não representam a opinião do Site IUPAN.
Fonte: Vatican News

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Grupo de padres sinodais renova o Pacto das Catacumbas


Seguindo os passos de alguns dos Padres conciliares, em 1965, um grupo de participantes no Sínodo sobre a Amazônia foi às Catacumbas de Domitilla para reafirmar a opção preferencial pelos pobres.

Silvonei José, Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano
A Igreja renova, no mesmo lugar e com o mesmo espírito, o forte compromisso assinado em 16 de novembro de 1965, poucos dias antes do encerramento do Concílio Vaticano II. Foi o dia em que 42 padres conciliares celebraram a Eucaristia nas catacumbas de Domitilla para pedir a Deus a graça de "ser fiel ao espírito de Jesus" no serviço aos pobres. Foi assinado o documento "Pacto por uma Igreja serva e pobre": o compromisso assumido foi o de colocar os pobres no centro da pastoral. O texto, também conhecido como "Pacto das Catacumbas", teve a adesão de mais de 500 padres conciliares.

Passos do Concilio e novos caminhos
Depois de 54 anos, a herança dos Padres conciliares foi assumida por um grupo de participantes no Sínodo dos Bispos para a região pan-amazônica, focalizado no tema: "Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral". O espírito daquele dia vivido em 1965 nas Catacumbas de Domitilla foi renovado. Na manhã deste domingo, na presença de dezenas de pessoas – entre os quais mais de 40 padres sinodais -, o cardeal Claudio Hummes, relator-geral do Sínodo para a Amazônia, presidiu a Santa Missa no mesmo lugar, o maior e mais antigo cemitério subterrâneo de Roma. E foi precisamente nas Catacumbas de Domitilla, estabelecendo uma forte ligação com o documento assinado em 1965, que foi assinado um documento intitulado "Pacto das Catacumbas pela Casa Comum". A novidade é que não foram somente os padres sinodais a assinar o documento, mas todos os participantes – sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos – afirmando a sua adesão ao Pacto em prol da Casa Comum. Presentes também representantes da Igreja Anglicana e da Assembleia de Deus.

Fonte: Vatican News