segunda-feira, 13 de maio de 2019

Para eles, o papa é herege


Em carta, clérigos e teólogos conservadores acusam Francisco de heresia por suas posições controversas sobre casamento, homossexualidade e outras religiões

papa Francisco está sendo acusado de heresia por um grupo de sacerdotes e teólogos. A denúncia, explicitada em carta divulgada em 30 de abril, é uma das mais graves acusações que podem ser feitas contra um clérigo e vem provocando crescente enfrentamento entre católicos ultraconservadores e moderados.
Nesta segunda-feira, 13, o número de signatários da carta aberta chegou a 86, segundo o portal de notícias religiosas LifeSiteNews, que divulgou o documento. Até agora, contudo, não foi endossada publicamente por nenhum cardeal ou bispo.
Na mensagem de 20 páginas, os religiosos conservadores pedem que o conjunto dos bispos católicos investigue Francisco pelo “delito canônico da heresia” e pregam que outros sacerdotes critiquem o papa publicamente.
Dizem ainda que decidiram tomar essa medida “como último recurso” para responder ao dano causado pelas palavras e ações do papa Francisco, “que deram lugar a uma das piores crises da história da Igreja Católica”.

Os motivos para a acusação contra o papa, segundo os signatários, residem principalmente no fato de ele ter suavizado posições e, na opinião deles, se colocado contra os mandamentos da Igreja.
Os estudiosos afirmam que Francisco tem dado sinais de abertura do Vaticano a homossexuais (Amoris Laetitia, 250 e 251, pg: 198) e divorciados, tem se aproximado demais de outras religiões e não tem sido enfático o suficiente em condenar o aborto. A carta traz ainda transcrições de declarações públicas e documentos assinados pelo papa para comprovar sua heresia.
Em um trecho do documento, o pontífice é acusado de aceitar que católicos divorciados e recasados civilmente possam ser admitidos, em certas circunstâncias, à comunhão.


A denúncia se refere principalmente ao documento Amoris Laetitia (A Alegria do Amor, em tradução livre), publicado por Francisco após o sínodo da família, realizado entre 2014 e 2015, para discutir mudanças na relação da Igreja com os fiéis.
Na declaração, o papa pede uma Igreja menos rígida e mais cheia de compaixão diante de qualquer membro “imperfeito”, como os divorciados e os fiéis que estão no segundo casamento civil. Na reunião de bispos, também se discutiu a possibilidade de comungar divorciados que se casaram novamente — desde que haja discernimento e uma preparação. A Igreja Católica considera o casamento indissolúvel e o novo casamento, um adultério.
Os signatários da carta aberta afirmam ainda que Francisco “protegeu e promoveu” clérigos homossexuais ativos e acredita que “a atividade homossexual não é gravemente pecaminosa”. O pontífice já recebeu transexuais e chegou a dizer que aqueles que rejeitam homossexuais “não têm coração”.

251. No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. É « inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos  internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio” entre pessoas do mesmo sexo ».278 
Amoris Laetitia, 251, pg: 198.

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